blog 2
VAI FORMAR PASTO? FIQUE ATENTO À CORREÇÃO DO SOLO.

Pecuarista, você sabia que um simples manejo pode determinar o sucesso na formação da pastagem e da saúde do pasto por muitos anos? É isso mesmo, práticas simples como amostragem de solo para verificação do seu perfil nutricional é uma importante ferramenta para a tomada de decisão, especialmente, na hora de definir quanto de calcário ou gesso jogar na área antes do plantio. Por isso, vamos dar algumas dicas do que fazer para garantir uma pastagem bem produtiva.

Antes de mais nada, a formação da pastagem começa com uma boa amostragem de solo! Logo, a área do plantio deve ser dividida em glebas homogêneas, levando em consideração a topografia do terreno (morro, meia-encosta, baixada etc.), a cor do solo, a textura (argilosos, intermediária, arenosos) e a cultura anterior (pastagem, milho, soja etc.).

E, não esqueça, para se ter maior assertividade na amostragem, é preferível que as glebas tenham tamanho inferior a 20 hectares, e que seja usada como ferramenta de coleta o trado ou sonda ou, em caso de indisponibilidade desses, enxadão ou pá reta. Em cada gleba devem ser retiradas, no mínimo, 20 subamostras, na profundidade de 0 a 20 cm, coletadas aleatoriamente no terreno e, em ziguezague. As subamostras devem ser misturadas, e dela ser retirada uma amostra de 300 a 500 g para envio ao laboratório de análises de solo da sua confiança.

A análise de solo é fundamental para a escolha do tipo de capim que se deseja semear na área, pois, é essencial a escolha da forrageira mais adaptada às condições de fertilidade ou, corrigir o solo para elevar a saturação por bases ao percentual desejado, de acordo ao capim a ser estabelecido. É muito importante que a amostragem e análise de solo sejam concluídas até abril!

A partir do resultado da análise de solo, um profissional Técnico decidirá se haverá a necessidade da realização das práticas de correção de solos (calagem e gessagem). Essas, têm objetivos diferentes, porém, são práticas complementares, pois, contribuem para garantir a produtividade dos pastos.  Além disso, esse profissional lhe orientará quanto ao tipo de calcário a ser utilizado.

E, por falar nisso, aqui vai uma dica prática: se o resultado da análise mostrar que o teor de magnésio do seu solo estiver abaixo de 5 mmol.dm-3 ou 0,5 cmolc.dm-3, você deverá aplicar o calcário dolomítico, caso, contrário, poderá utilizar o calcário calcítico, ou que tiver menor preço de compra.

A calagem tem o papel de diminuir a acidez e elevar o pH do solo para próximo de 6,5, neutralizar o alumínio (elemento tóxico para as plantas), além de fornecer, principalmente, cálcio e magnésio, e permitir com que o fósforo fique mais disponível para a planta, favorecendo o seu desenvolvimento. Essa prática deve ser feita no final da época das águas (março/abril), de maneira a aproveitar a umidade no solo e ter tempo suficiente para reagir no solo.

Sempre tenha em mente que o pico de correção do calcário no solo se dá com aproximadamente 2 anos, porém, para que isso ocorra, deve haver em média 1500 mm de chuvas. Além de que, com cerca de 4 anos após a aplicação, o calcário tende a perder o seu efeito residual, carecendo de reposição. Por isso, de preferência, a análise de solo deve ser repetida a cada dois anos, para que se possa acompanhar o progresso da acidificação do solo nas camadas mais superficiais devido à retirada de bases pelas plantas, e seja elevada a saturação por bases para 40 a 60% para os grupos de capins de baixa a média exigência em fertilidade, e acima de 60% para os capins mais exigentes em fertilidade do solo.

O calcário não deve ser aplicado junto com a semente, e muito menos com o adubo fosfatado. De preferência, aplique o calcário de forma parcelada, sendo a primeira metade da dose incorporada ao solo com grade pesada nas profundidades de 0 a 20 cm. A outra metade do calcário deve ser incorporada com grade leve. Dessa forma, garantiremos uma incorporação mais homogênea do calcário e na profundidade onde há maior concentração das raízes dos capins.

Caso, somente seja possível realizar a calagem próxima a época de plantio, lembre-se de usar calcário com PRNT (poder real de neutralização total) acima de 90, pois, havendo umidade no solo, esse calcário terá condições de reagir e neutralizar o pH do solo com cerca de 30 a 40 dias. No entanto, se for usado calcário com PRNT inferior ao citado acima, o tempo médio necessário para reação é de 90 dias.

Pecuarista, esteja ciente que o preço do calcário geralmente aumenta em função do PRNT, porém, o custo por hectare poderá ser menor devido a menor quantidade de calcário a ser aplicado na área. Além disso, quanto maior o volume de calcário, mais elevado será o custo do frete para entregar na propriedade, bem como, maiores serão os custos com mão de obra e manejo de aplicação.

Outra observação a ser feita a partir do resultado da análise de solo é a Necessidade de Gessagem. Para isso, a amostragem deve ser feita a cada dois anos, na profundidade de 20 a 40 cm, com a finalidade de acompanhar a acidez do subsolo, os teores de cálcio, enxofre e de potássio em solos com fertilidade mais comprometida. A condição determinante para a aplicação de gesso são a saturação por alumínio maior que 20%, cálcio menor que 0,5 cmolc.dm-3 e alumínio maior que 0,5 cmolc.dm-3.

É importante que se tenha em mente que gesso não corrigi pH do solo, mas, sim, funciona como um condicionador do solo, fornecendo principalmente cálcio e enxofre e melhorando o ambiente radicular em profundidade no solo, pois, arrasta o alumínio, enxofre, cálcio, magnésio e potássio para camadas mais profundas do perfil do solo e, assim, contribui para o maior crescimento de raízes em profundidade, possibilitando-as buscarem água e nutrientes em profundidade, aumentando a capacidade de tolerância da planta aos períodos de estiagem.

O gesso pode ser aplicado junto com a segunda metade do calcário ou, ser aplicado a lanço em área total, mas, o ideal é que fosse aplicado cerca de duas semanas antes do plantio, podendo ser em superfície, uma vez que este apresenta boa mobilidade no solo, não necessitando de incorporação. O efeito residual do gesso tende a ser maior que o do calcário, devendo ser reaplicado de acordo a necessidade apontada no resultado da análise de solo.

Pecuarista, as informações deste artigo, apesar de simples, leva em consideração detalhes técnicos fundamentais para que se tenham uma adequada formação da pastagem. Por isso, a Araguaia dispõe das melhores matérias-primas do mercado e conta com um time de Consultores Técnicos experientes para lhe ajudar com a correta interpretação dos resultados da análise de solo e adequado uso dessas técnicas, a fim de garantir as melhores condições de solo para o máximo crescimento e desenvolvimento do pasto.

 

Autor: Divaney Mamédio – Dr. em Zootecnia.

 

Referência bibliográfica.

Sousa, D. M. G.; Lobato, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. 2004.

Raij, B. V.; Cantarella, H.; Quaggio, J. A.; Furlani, Â. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1997.

Oliveira, P. P. A.; Penati, M. A.; Corsi, M. Correção do solo e fertilização de pastagens em sistemas intensivos de produção de leite. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2008.