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Podridão apical ou fundo preto no tomate: Prevenção e controle.

A podridão apical ou fundo preto do tomateiro é um distúrbio fisiológico determinado, principalmente, por concentrações inadequadas de cálcio nos tecidos localizados na base do fruto. Na região apical verifica-se uma mancha encharcada, sem bordas definidas, de cor marrom claro, que em seguida se torna escura e deprimida, à medida que o fruto cresce (LOPES e ÁVILA, et al, 2005).

Não existe um momento específico para que os sintomas da podridão apical se iniciem, entretanto, pesquisas relatam que essa desordem ocorra entre 10 a 30 dias após o início da polinização. Iniciados os sintomas nos frutos, eles são irreversíveis e as formas de controle, apesar de serem viáveis, visam apenas os frutos onde ainda não se desenvolveram os sintomas de podridão (RIBOLDI, et al., 2018).

    FATORES QUE AFETAM E CAUSAM PODRIDÃO APICAL

O aumento da incidência e da severidade da podridão apical pode estar relacionado com fatores externos à planta, como o estresse hídrico, desequilíbrio dos nutrientes minerais na zona radicular e diferenças genéticas entre materiais.

   Estresse hídrico

O estresse hídrico, tanto por deficiência ou excesso de água, são um dos principais fatores que causam a podridão apical nos frutos do tomateiro. Sob condições de alta umidade no solo, a transpiração da planta é menor e consequentemente menor é a absorção do cálcio, uma vez que esse elemento é transportado por meio do fluxo de transpiração (COCHARD et al., 2002). Já sob deficiência hídrica a planta, como modo de defesa, reduz a abertura estomática, de modo a prevenir a excessiva perda de água, reduzindo a transpiração, um dos principais mecanismos de transporte do Ca na planta (CHAVES et al., 2008).

   Desequilíbrio mineral

Altos níveis de nitrogênio no solo induzem a um crescimento das brotações da planta, alterando a movimentação de cálcio dos frutos para as folhas, já que essas apresentam maior transpiração do que os frutos (RIBOLDI, et al., 2018). Ainda, altos níveis de N contribuem para a expansão celular dos frutos, o que pode dissolver ainda mais a concentração de cálcio que chega nos frutos (BAR-TAL et al., 2001)..

O uso de nitrogênio na forma amoniacal (NH4+) também pode levar ao aparecimento da podridão apical (RIBOLDI, et al., 2018). Como o cálcio é absorvido pelas plantas na forma do cátion Ca2+, pode haver antagonismo entre a absorção do cálcio e do nitrogênio na forma de amônio, que também é um cátion.

O potássio, atua nos processos de expansão celular, deste modo, altos níveis desse elemento podem induzir um crescimento dos frutos, podendo levar ao aparecimento da podridão apical (ELUMALAI et al., 2002)

   Cultivares

Há diferenças genéticas em relação a suscetibilidade à podridão apical. Cultivares de frutos alongados (italianos) são mais suscetíveis a podridão apical do que aqueles arredondados (cereja ou salada). A seleção genética de materiais de maior tamanho e peso podem ter contribuído para o acúmulo e armazenamento de cálcio nos frutos, possibilitando o crescimento anormal (DE FREITAS et al., 2011).

Manejo

    Fase Pré-plantio:

  • Realize a calagem e adubação de plantio de acordo com análise de solo.

 

    Fase de Plantio

  • Utilize cultivares tolerantes a baixos teores de cálcio;
  • Faça uma adubação equilibrada, se atentando a concentração e fonte dos adubos, principalmente que contenham Potássio e Nitrogênio.

 

    Fase de cultivo

  • Faça o controle de insetos e doenças de solo que possam danificar as raízes, e desse modo prejudicarem a absorção de nutrientes.
  • Verifique se a irrigação está adequada e evite a falta ou excesso de água no sistema radicular, principalmente nas fases de florescimento e crescimento dos frutos.
  • Pulverizações frequentes durante a fase reprodutiva do tomateiro com soluções de cloreto ou nitrato de cálcio evitam a ocorrência da podridão apical.

Autor: Miquéias de Oliveira Assis (Assistente Técnico | DM HF) – Dr. em Fitotecnia.

Referências bibliográficas:

BAR-TAL, A.; ALONI, B.; KARNI, L. Nitrogen nutrition of greenhouse pepper. I. Effects of nitrogen concentration and NO3:NH4  ratio on yield, fruit shape, and the incidence of blossom-end rot in relation to plant mineral composition. HortScience, St. Joseph, v. 36, p. 1244-1251, 2001.

CHAVES, M.M.; FLEXAS, J.; PINHEIRO, C. Photosynthesis under drought and salt stress: regulation mechanisms from whole plant to cell. Annals of Botany, Oxford, v. 103, p. 551-560, 2008.

COCHARD, H.; COLL, L.; LE ROUX, X.; AMEGLIO, T. Unraveling the effects of plant hydraulics on stomatal closure during water stress in walnut. Plant Physiology, Rockville, v. 128, p. 282-290, 2002.

ELUMALAI, R.P.; PUNITA NAGPAL, P.; REED, W.J. A mutation in the Arabidopsis KT2/KUP2 potassium transporter gene affects shoot cell expansion. Plant Cell, Baltimore, v. 14, p. 119-131, 2002.

DE FREITAS, S.T.; SHACKEL, K.A.; MITCHAM, E.J. Abscisic acid triggers whole-plant and fruit-specific mechanisms to increase fruit calcium uptake and prevent blossom-end rot development in tomato fruit. Journal of Experimental Botany, Oxford, v. 62, p. 2645-2656, 2011.

LOPES, C. A.; ÁVILA, A. C. Doenças do tomateiro. Embrapa Hortaliças. 2005.152p.

NAVARRO, J.M., MARTINEZ, V, CARVAJAL, M. Ammonium, bicarbonate and calcium effects on tomato plants grown under saline conditions. Plant Science, Amsterdam, v. 157, p. 89-96, 2000.

RIBOLDI, L. B.; ARAÚJO, S. H. DA C.; MÚRCIA, J. A. G.; CAMARGO E CASTRO, P. R. Incidência e controle da podridão do tomateiro. ESALQ – Divisão de Biblioteca, 2018. 36 p.

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