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ESTRUTURA DO REBANHO EM FAZENDAS LEITEIRAS E SUA IMPORTÂNCIA

 

A pecuária leiteira é composta por uma série de fatores que irá ditar o sucesso ou o fracasso na atividade. Dentre os mais variados fatores que influenciam a saúde financeira da propriedade, a composição e estruturação do rebanho é de suma importância para que o produtor mantenha uma proporção adequada de animais produtivos e geradores de receita em relação aos animais que, em determinado momento, estão gerando apenas despesas.

De maneira geral, um rebanho leiteiro é composto por vacas em lactação, vacas secas, novilhas, bezerras e outras categorias animais como touros e animais de serviços. Quando pensamos em uma fazenda convencional, onde a principal fonte de renda é através da venda do leite e não com a venda de animais, é interessante que tenhamos uma proporção de vacas em lactação adequada, já que neste caso, esta é a única categoria que está trazendo receita para a propriedade. Dentro da porcentagem do número de vacas, há dois indicadores zootécnicos que podem nos ajudar a entender como está a porcentagem de animais geradores de receita no nosso rebanho, são eles:

 

  1. % Vacas em lactação / Total de vacas (VL/TV)
  2. % Vacas em lactação / Total do rebanho (VL/TR)

 

Para o primeiro indicador (VL/TV), essa relação é de, na média, 83%. Este valor foi alcançado partindo do princípio de que os animais terão um período médio de lactação de 10 meses, sendo os outros 2 meses do ano correspondendo ao período seco, e um intervalo entre partos médio de 12 meses. Ao dividirmos estes valores (10/12) chegamos nesta relação de 83%.

Para o período médio de lactação, há alguns fatores que podem influenciar este valor, são eles: idade dos animais, ordem e estágio de lactação, genética, grau sanguíneo (animais zebuínos tendem a ter uma persistência de lactação menor se comparados aos taurinos), entre outras.

Já para alcançarmos um intervalo entre partos de 12 meses, precisamos lançar mão de estratégias no manejo nutricional, oferecendo uma dieta balanceada, suprindo todas as exigências dos animais para que tenham uma boa condição de escore corporal e, posteriormente, a reprodução possa estar adequada. Além disso, temos alguns outros indicadores que conseguimos avaliar isoladamente a parte reprodutiva na fazenda:

  1. Taxa de inseminação: Relação de vacas inseminadas com as vacas que estão aptas para inseminação. Benchmark de 50% para este indicador.
  2. Taxa de concepção: Relação de vacas que tiveram o diagnóstico de gestação positivo em relação às vacas que foram inseminadas. Benchmark = 50%.
  3. Taxa de prenhez: É o produto da taxa de inseminação e concepção. Benchmark = 25%.

 

Alguns fatores podem influenciar estes indicadores reprodutivos, como falhas na detecção de cio, descongelamento e qualidade de sêmen, eficiência do inseminador, estresse térmico sofrido pelo animal, doenças reprodutivas etc.

Outro indicador que podemos avaliar também a estrutura de um rebanho leiteiro é a relação da porcentagem de vacas em lactação pelo número total de animais. No mínimo esperamos um valor de 45% de animais lactantes para um rebanho que ainda está em crescimento, sendo 55% um valor ideal para um rebanho estruturado. Valores abaixo disso teremos uma proporção de animais que estão gerando, no momento, apenas despesas muito maior que animais produtivos, dificultando o equilíbrio de custos e prejudicando as margens do pecuarista.

 

VAMOS AOS CÁLCULOS…

Estimando um rebanho hipotético, onde as fêmeas começam a fase reprodutiva sendo cobertas/inseminadas aos 15 meses, com uma idade ao primeiro parto de 24 meses, intervalo entre partos de 12 meses e com um período médio de lactação de 10 meses, temos:

CÁLCULOS

Em que:

VL = Vacas em lactação

VS = Vacas secas

PL= Período médio de lactação

IEP = Intervalo entre partos médio

 

Considerando um rebanho com 70 vacas, temos:

Para um rebanho com 45% de vacas em lactação sobre todo o rebanho, temos que o número total de animais do nosso rebanho é de 129 (58 / 45%).

Para entendermos melhor o impacto que um rebanho estruturado tem na saúde financeira da propriedade, vamos a um exemplo fixando o número de animais, preço recebido pelo leite, produtividade média por vaca em lactação e custo operacional efetivo (COE) diário, que são os desembolsos direto do produtor, como gastos com concentrado, volumoso, energia elétrica, mão de obra, combustível, medicamentos etc. Considerando duas fazendas hipotéticas, com 129 animais no rebanho, onde uma possui os indicadores VL/TV e VL/TR adequados e a outra não, temos:

 

Tabela 1 – Valores fixos para as duas propriedades.

 

Tabela 2 – Indicadores zootécnicos das duas propriedades hipotéticas.

 

Tabela 3 – Indicadores econômicos das duas propriedades hipotéticas.

 

Após a realização dos cálculos, podemos observar na tabela 3 que a propriedade onde o rebanho está estruturado, após pagar todos os custos operacionais efetivos, sobra para o produtor uma margem de R$0,62 por litro de leite produzido, enquanto na segunda propriedade, com o mesmo número de animais no rebanho, diferindo apenas nos indicadores de VL/TR e VL/TV, o produtor não está conseguindo nem pagar essas despesas e está trabalhando com prejuízo.

Diante disso, podemos ver a importância de termos nossos indicadores zootécnicos ajustados para uma boa estrutura do rebanho e consequentemente uma boa saúde financeira da propriedade. Para que isso ocorra, é imprescindível que o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional esteja adequado dentro da propriedade para alcançarmos bons números.

E você amigo produtor, como está a estrutura do seu rebanho?

A Araguaia hoje possui uma equipe técnica capacitada composta por Engenheiros Agrônomos, Médicos Veterinários e Zootecnistas para prontamente atendê-lo e ajudar a você a atingir bons índices e consequentemente o sucesso em sua propriedade! Conte com a gente!

 

Autor: Lucas Matias – Zootecnista Técnico de Pecuária

 

Referências:

CAMPOS, Aloísio Torres; FERREIRA, Ademir de Moraes; PIRES, Maria de Fátima Ávila. Composição do rebanho e sua influência na produção de leite. Embrapa Gado de leite. Juiz de Fora – MG, dezembro de 2001. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/65227/1/CT-63-Composicao-do-rebanho.pdf> Acesso em: 19 de out de 2020.

PACÍFICO, Thayná. Estrutura de rebanho desequilibrada: Impacto econômico Labor Rural Inteligência para Agronegócios. Disponível em: <https://www.laborrural.com/blog/estrutura-de-rebanho-desequilibrada-impacto-economico/>. Acesso em: 19 de out de 2020.

REZENDE, Marcelo. Estruturar é o negócio, Milkpoint. Disponivel em <https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/estruturar-e-o-negocio-90875n.aspx>. Acesso em: 19 de out de 2020.

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