A
antracnose de Capsicum spp. é uma doença causada por um complexo de
espécies de Colletotrichum que apresenta distribuição mundial. Até 1999,Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz & Sacc., C. coccodes (Wallr.)
S.J. Highes e C. capsici (Syd.) E.J. Butler & Bisby foram
consideradas as principais espécies causadoras de antracnose em Capsicum no
mundo (SUTTON, 1980; 1992). A doença é favorecida por temperaturas altas e
presença de chuvas ou irrigação por aspersão. Dentro da cultura, os conídios
são disseminados pela água da chuva ou irrigação e ventos. A longas distâncias,
a disseminação é feita principalmente por meio de sementes contaminadas
(KUROZAWA; PAVAN, 1997).
A
antracnose do pimentão é uma das doenças mais destrutivas da cultura, as perdas
na produção são significativas, principalmente na estação quente e chuvosa do
ano em regiões tropicais e subtropicais. Os prejuízos mais importantes resultam
dos sintomas de podridão em frutos, sendo os danos em folhas e ramos de menor
importância. No Brasil, perdas de até 100% têm sido relatadas em cultivares
altamente suscetíveis de pimentão e pimentas em condições de campo. É comum
observar grande quantidade de frutos com infecção latente nos quais os sintomas
se manifestam apenas alguns dias após a colheita (LOPES; ÁVILA, 2003).
A alta
umidade relativa do ar e chuvas, principalmente a presença de água livre na
superfície do fruto são fundamentais para a germinação dos esporos do patógeno.
Quanto maior o tempo de molhamento foliar, maior a incidência e severidade da
doença (CERKAUSKAS, 2004; LOPES & ÁVILA, 2003).
Os
sintomas da doença nos frutos iniciam-se na forma de lesões deprimidas e
aquosas que progridem e coalescem, causando o descarte dos frutos e a perda na produção
(HADDEN; BLACK, 1989). No interior destas lesões, sob condições de alta
umidade, observam-se massas de esporos, de coloração rósea ou alaranjada. Nas
folhas e ramos, os sintomas são em forma de pequenas lesões necróticas,
geralmente circulares.
Os danos
causados pela doença podem ser minimizados quando são adotadas medidas de
manejo integrado. Cultivo protegido, uso de sementes sadias, retirada dos
frutos atacados, rotação de culturas evitando-se plantas da família Solanaceae,
como jiló, berinjela e tomate (OLIVEIRA et al., 2000). Fazer uma adubação
equilibrada sem excesso de nitrogênio. Plantios menos adensados facilitam a
circulação de ar entre as plantas e diminuem o acúmulo de umidade (PEDROSO et
al., 2005). Contudo, nem sempre é possível evitar a ocorrência de epidemias,
sendo recomendado o uso de fungicidas registrados, como produtos à base de chlorothalonil,
mancozeb, azoxistrobina, difenoconazol, thiophanate methyl e produtos cúpricos (KUROZAWA
e PAVAN, 1997; FREEMAN et al., 1998; ANDRADE, 2003).
Autor: Júlio César de Lima Veloso - Téc. Agropecuário | Agrônomo
Referências:
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gloeosporioides, agente causal da antracnose do mamoeiro (Carica papaya L.).Tese (Mestrado em Fitopatologia) -Universidade de Brasília, 2003.
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